Registro do evento BRECHA #4, realizado na Associação Cultural Cecília no dia 15/11/2022. Curadoria e Produção: Flora Miguel e Jeanne Callegari. Apresentações: Jeanne Callegari e Bernardo Pacheco, Valeska Torres e Barulhista, Diogo Cardoso e Suka Figueiredo, Ian Uviedo e Taciana Barros. Projeções: Guilherme Pinkalsky. Apoio: Bernardo Pacheco, Associação Cultural Cecília e Editora Primata.
Ricardo Corona: Cinemaginário (1999)
Ricardo Corona é poeta e editor. Autor de Cinemaginário (1999), Tortografia (2003), Corpo sutil (2005) e Curare (2011 – Prêmio Petrobras e finalista do jabuti), todos publicados pela Iluminuras, e Mandrágora (2017), pela Medusa. Em Portugal, Amphibia (Cosmorama, 2008); no México, Cuerpo sutil (Calygramma, 2014) e na Espanha, ¿Ahn? [Abominable Hombre de las Nieves] (Poetas de Cabra, 2011). Traduziu, em parceria com Joca Wolff, os livros Momento de simetria (Medusa, 2005) e Máscara âmbar (Lumme, 2008), do argentino Arturo Carrera. Traduziu também Livro deserto (2013) e Palavrarmais (2017), ambos da poeta e artista visual chilena Cecilia Vicuña, e Retrato dos Meidosens (2022), do poeta belga-francês Henri Michaux, pela Cultura e Barbárie/Medusa. Mora em Piraquara, região metropolitana de Curitiba.

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Cinemaginário (1999), reeditado em 2014 pela Patuá.

MISS TEMPESTADE
Miss Tempestade não tem tempo
O cinza avança sobre o azul
Hieróglifos elétricos riscam o céu
Escreva, Miss Tempestade
Que esse dia branco é seu
Despenque sobre esse vazio
Preencha o silêncio de Deus
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Escreva, Miss Tempestade
Não contemporize a sua intensidade
Mirian de Carvalho: O Camaleão no Jardim (2005)
Mirian de Carvalho é Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), da Associação
Internacional de Críticos de Arte (AICA), do PEN Club e da UBE e membro Associado da
ABI, na categoria de Colaboradora.
Nos dias atuais, dedica-se à poesia, à crônica e à pesquisa no campo da cultura
brasileira. Agraciada com várias láureas literárias, entre elas o Prêmio João do Rio
(poesia) e a Medalha José de Anchieta, que lhe foram concedidos pela Academia
Carioca de Letras em 2016. Nesse mesmo ano recebeu o Prêmio Sérgio Milliet, da
Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), pela publicação de livro A brasilidade
na pintura de César Romero (pesquisa).

Os poemas a seguir foram selecionados do livro O Camaleão no Jardim (Quaisquer, 2005).

POR ONDE SAÍ
Pelos cantos da cozinha, o cano
furado enrugava crostas sobre
a pele de ferro quase rasgada
à repetição dos dias.
Ao fim do trajeto, a torneira pingando
enchia o balde – aguçando-lhe o gosto
do vazio (que não rumoreja). Quando
findava a tarde. E sempre.
Mórbidos, os lugares daquela casa.
Ao relembrá-los visito-me na soleira,
pisando o reverso da entrada.
Ante a terra do jardim pintado ao fundo
da varanda, descansei meus pés.
Por onde saí, não me lembro.
Paulo Scott: Luz dos Monstros (2022)
Paulo Scott é autor de, entre outros, A timidez do monstro (Cia das Letras, 2006) e Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo (Cia das Letras, 2014). Seus textos estão publicados em Portugal, Inglaterra, China, Argentina, Alemanha, Croácia, México, França e Estados Unidos.

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Luz dos Monstros (Aboio, 2022), que pode ser adquirido neste link.

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não é no jardim da ignorância
o corpo que não quer responder
contingência no possível do tempo
combinando-nos em olhos que esqueceram
nada é familiar nesse ouvir
o erro que não condiz
no que pusemos a limpo
porque no medo daria, juro, daria
se você não estivesse rindo
BRECHA #3
Registro do evento BRECHA #3, realizado na Associação Cultural Cecília no dia 18/10/2022. Curadoria e Produção: Flora Miguel e Jeanne Callegari. Apresentações: Flora Miguel e Julito Cavalcante, Natália Agra e Bernardo Pacheco, Pedro Dziedzinski e Rodrigo Campos. Projeções: Guilherme Pinkalsky. Apoio: Bernardo Pacheco, Associação Cultural Cecília e Editora Primata.