Raquel Gaio nasceu e reside na cidade do Rio de Janeiro. É poeta, performer e também utiliza a fotografia para se dizer, pra expressar sua poética. Aprecia a imensidão do voo de um pássaro como também tem fascínio por ruínas e miudezas. Leva uma vida anfíbia.
.
tenho a noite estilhaçada na jugular
e uma fome que não abandona seu canil.
esta carne permanentemente em queda.
há um pônei desidratado no peito
e uma puta carecendo de abrigo
sou a encarnação de quedas passadas
imploro por perdões e ossos melhores
mas não há céu que me ouça.
tento fotografar meus batimentos cardíacos
para emoldurá-los nas paredes de casa
mas antes mesmo do click
regurgito-os cheios de ontens intactos.
sujo as imagens para vislumbrar a queda.