Ademir Assunção: Risca faca (2021)

Ademir Assunção (1961) é poeta e jornalista. Publicou 14 livros de poesia, contos, romance e jornalismo, entre eles A Voz do Ventríloquo (Prêmio Jabuti 2013), Pig Brother (finalista do Prêmio Jabuti 2016), Ninguém na Praia Brava, Adorável Criatura Frankenstein, Zona Branca, LSD Nô e Faróis no Caos. Tem poemas e contos traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, publicados nos EUA, Espanha, Argentina, México, Peru e Alemanha. Gravou os cds de poesia e música Viralatas de Córdoba e Rebelião na Zona Fantasma. Letrista de música popular, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Titane, Patrícia Amaral e Ney Matogrosso. Jornalista profissional há mais de três décadas, trabalhou como repórter e editor em grandes jornais e revistas do país, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Marie Claire. Idealizador e curador da exposição Leminski: 20 Anos em Outras Esferas, sobre a obra do poeta curitibano, no Instituto Itaú Cultural. É um dos editores da revista literária Coyote.


Os poemas a seguir foram selecionadas do livro Risca faca (Selo Demônio Negro, 2021).


CAVERNA


me tranquei na caverna com platão
pra enfrentar meus próprios males
não vi primata nem zapata nem dragão
ouvi o canto das sereias pelos bares
chamei pra briga o capeta de facão
senti o aço perfurando a carne mole
gritei bem alto um tremendo palavrão
chamei são jorge pra ajudar o filho pobre
daqui ninguém sai vivo nem com reza ou um milhão
um dia até o tolo acaba que descobre
perdi o medo de espelho e solidão
só levo a vida com a pele que me cobre

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Gabrielle Dal Molin: Carnaval no Abismo (2021)

Gabrielle Dal Molin nasceu em 1987, em São Paulo. Viveu no interior deste estado até se mudar para o Rio Grande do Norte. É professora de História, mestre em Antropologia e doula. Além de poemas, escreve sobre as vivências de ser mãe, bissexual e não monogâmica. Seu primeiro livro de poesia, Seiva (Ed. Multifoco) foi publicado em 2017 e o segundo, Carnaval no Abismo, acaba de ser publicado pela Munganga Edições, contemplado pela Lei Aldir Blanc, através da Fundação José Augusto, do Governo do RN. 

foto: Ian Rassari


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Carnaval no Abismo (Munganga Edições, 2021).




CARNAVAL NO ABISMO



arisco feitiço

nosso tempo é desse silêncio
forte
feito o mar sem grito

é menor do que eu penso

arrisco chamar de amor
um carnaval nesse abismo

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Vitor Miranda: A gente não quer voltar pra casa (2018)

Vitor Miranda é poeta e contador de causos. Tem 4 livros publicados, com destaque para A gente não quer voltar pra casa, semifinalista do prêmio Oceanos 2019. É criador e apresentador do programa de entrevistas Prosa com Poeta. Na música é criador, letrista e poeta da Banda da Portaria e também do Margaridáridas.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro A gente não quer voltar pra casa (Kotter Editorial, 2018).



AZUIS


quantos azuis há nos varais
quantas terminações em dores
no primeiro verso
tem algo submerso nas água
que eu não vejo pendurada


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Carol Sanches: Devo admitir que me dá um certo prazer (2020)

Carol Sanches nasceu em Campinas em 1981. Autora de Não me espere para jantar (Patuá, 2019), menção honrosa no Prêmio Maraã de Poesia 2018, Devo admitir que me dá um certo prazer (Urutau, 2020), e dos livros independentes Poesias Pormenores (2007) e Toda diva tem divã (2008). Tem poemas publicados em revistas digitais e faz parte das antologias poéticas Parem as máquinas! (Selo Off Flip, 2020), Laudelinas (Mirada Janela, 2020), Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto: o centenário (Mirada Janela, 2020), Quem dera o sangue fosse só o da menstruação (Urutau, 2019) e Prêmio Sarau Brasil 2018.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Devo admitir que me dá um certo prazer (Urutau, 2020).



O TAROT


que o mistério do mundo
está no mundo
todos sabem

dirão, é claro
a lua tem fases
a lua estica as marés
a lua minguante faz cair os cabelos
de vergonha

só não dirão
tan seguros
como a carta se levanta inteira
após o corte
ou sobre como o corte
sangra limpo
sem vestígios

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Leonardo Marona: Baby Buda (2021)

Leonardo Marona (1982) nasceu em Porto Alegre. Vive no Rio de Janeiro. Publicou os livros: Pequenas biografias não-autorizadas (poesia, 7Letras, 2009); l’amore no (poesia, 7Letras, 2011); Conversa com leões (contos, Oito e meio, 2012); Óleo das horas dormidas (poesia, Oficina Raquel, 2014); Cossacos Gentis (romance, Oito e meio, 2015); Herói de Atari (poesia, Garupa Edições, 2017); Dr. Krauss (novela, Oito e meio, 2017); Uma baronesa às quatro da madrugada (poesia, Ed. Urutau, 2018). Acaba de lançar o romance Não vale morrer pelas Edições Macondo.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Baby Buda (Corsário-Satã, 2021), disponível para aquisição neste endereço.




BABY BUDA


quero aqui no meio desta
confusão poder aprender
a estar desatento de mim
sem, com isso, me perder.

observo os tipos vaidosos:
o que conta seus ganhos,
o que conta suas perdas,
o que diz como não conta,
o que conta como não diz.

quero ser o que não conta
mas sabe o que não conta
e, sem contar, se esquece
e se esquecendo, aprende.

fazer do pequeno, grande
e, do grande, o que passa
sem deixar grande rastro.

olhar para o varal vazio,
tão perfeito de ausência.
não pensar na roupa suja
mas no corpo que cobriu
a roupa suja com sujeira.

derrubar todas as portas,
receber o que sem nome
vive atrás do meu futuro
e morre além do passado
na mata funda da clareira.

participar da grande feira:
os bolsos cheios de nada,
com a fome dos planetas.

arrancar por fim os olhos
e tomar banho no escuro:
escorrer no ralo do nome.

dar migalhas aos filhotes,
deixar sem fazer barulho
o leão dormir com fome.



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