Roberto Piva: 20 Poemas com Brócoli (1981)

Roberto Piva (1937-210) é autor da plaquete Ode a Fernando Pessoa (Massao Ohno, 1961) e dos livros Paranóia (Massao Ohno, 1963), Piazzas (Massao Ohno, 1964), Abra os olhos e diga ah! (Massao Ohno, 1975), Coxas (Feira de Poesia, 1979), 20 Poemas com Brócoli ((Massao Ohno, 1981), Quizumba (Global, 1983) e Ciclones (Nankin, 1997), reunidos em três volumes pela editora Globo, sendo o último – Estranhos Sinais de Saturno – acompanhado de poemas inéditos. Marcada pelo experimentalismo, múltiplos diálogos e alta qualidade das imagens poéticas, sua obra é uma das mais intensas da poesia brasileira contemporânea.




Os poemas a seguir foram selecionados de 20 Poemas com Brócoli ((Massao Ohno, 1981), quinto livro do poeta. Confira as postagems sobre suas outras obras neste endereço.



VI

o cacique tomava chá com seu corpo pintado.
                        o pajé dançava com a casca do
                                   gambá.
                        você brincava com meu caralho.
                                   Macunaíma & Alice no país da
                                                          Cobra Grande.
                                      mesma estrutura narra-ação &
                                                      barroco elétrico pinçando
                                                         estilhaços de visões.
                                           palmeiras de cobre.
                                                         meu cu como bandeira
                                            do navio pirata.
                                                a lua começa a cantar.


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Carlos Orfeu: Nervura (2019)

Carlos Orfeu, nasceu em Queimados. É devoto das artes, sobretudo, da literatura e poesia. Publica em blogs pessoais, revistas e blogs literários. O poeta em 2017 lançou o livro invisíveis cotidianos pela editora Literacidade.

foto: Pierre Crapez

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Nervura (Patuá, 2019).




FERIDAS

I

a boca do sol abre as vísceras da manhã
feridas abrem o pulmão do pássaro
do sangue nutrido na fome
floresce a árvore com suas cabeças

saudando a tudo que nasce e morre


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Hilda Hilst: anos 1980

Hilda Hilst nasceu em Jaú (SP) em 1930 e faleceu em Campinas (SP) em 2004. Uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, publicou vasta e versátil obra nos gêneros da poesia, da ficção, da crônica e da dramaturgia.


Realizaremos um breve panorama de sua trajetória poética, dividido em 5 postagens. Confira as 3 primeiras publicação, relacionados aos livros dos anos 1950, 1960 e 1970, neste endereço.

Desta vez, selecionamos poemas de suas obras dos anos 1980: Da Morte. Odes mínimas (1980), Cantares de perda e predileção (1980), Poemas malditos, gozosos e devotos (1984), Sobre a tua grande face (1986) e Amavisse (1989).


Da Morte. Odes mínimas (1980)




.

Rinoceronte elefante
Vivi nos altos de um monte
Tentando trazer teu gesto
Teu horizonte
Para o meu deserto.

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Jorge Mautner: Poesias de Amor e de Morte (1981)

Jorge Mautner (Rio de Janeiro, 1941) trouxe inúmeras contribuições para a cultura brasileira. Em tudo que produz, há uma notável correlação de temas e ideias: o Kaos.

Multifacetado, em 1968 roteirizou Jardim de Guerra, filme de Neville d’Almeida. Dois anos depois, em 1970, dirigiu o longa metragem O Demiurgo. Na música, concebeu muitos discos, dentre eles Jorge Mautner (1974) e Revirão (2007), e teve sucessos gravados por grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Chico Science & Nação Zumbi.

Na literatura, estreou bem cedo, aos 21 anos, com Deus da chuva e da morte (1962), obra agraciada com o Prêmio Jabuti, seguida de diversos livros, dentre os quais Vigarista Jorge (1965), Panfletos da Nova Era (1978) e Miséria Dourada (1993).

De modo geral, Mautner esteve presente nos mais relevantes movimentos culturais brasileiros das últimas 5 décadas, seja por meio de sua literatura, por suas composições ou pelas forças de sua presença e ideias.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Poesias de Amor e de Morte (1981).



ITENS DO MOVIMENTO UNIVERSALISTA DO KAOS


1) É um movimento nacionalista e universal. Daí nascerá o PK, ou seja: PARTIDO DO KAOS
2) As primeiras definições teóricas estão em toda a obra poética-literária-filosófica-musical de Jorge Mautner.
Nota: urgente como primeiríssima tarefa publicar as obras completas (literárias e musicais) de Jorge Mautner. Livros e Lps.
3) O item três é épico-pitagórico e representa a tese-síntese-antítese: O Pai, o Filho Espírito Santo. Mas em nosso movimento totalizante o número 3 é ainda a pirâmide, o triângulo sexual do Id, o pai, a mãe e o filho-filha, o ego, superego e inconsciente. Ou ainda: o Movimento Universalista do Kaos, o Partido do Kaos, e o instituto plurimetafísico do Kaos é o maracatu atomizante em forma de pororoca que nem o gigantesco encontro de potencialidade do Amazonas com o mar.
4) O item 4 é também sagrado, aliás todos os números são. Incluída na filosofia do Kaos com K, a numerologia, a cabala, astrologia, telepatia, empatia e toda e qualquer fenomenologia, a psicanálise freudiana e a de todos dissidentes (ênfase em Marcuse, Normam O. Brown, Otto Ranck, Carl Jung, Ferensky, Geza Roheim e, claro, Wilhelm Reich.
O número 4 é a harmonia total, que é a reprodução em contraponto de dois, o par, o amor, o 4 é o acréscimo dos dois alter-egos em dança total permanente. O item quatro é, sem dizer nada, mistério total e absoluto. É ótimo para rituais e festividades e meditações silenciosas e/ou musicais para exorcizar grilos, pessimismos, bodes ou satanismos agressivos como por exemplo: bombas de terror da esquerda, do centro ou da direita. O quatro é o repúdio que a bandeira da paz do Kaos faz e assim navega tranquilo em ritmo Axé-Odara e apazigua os demônios. Contrapontos e mistério primeiro da descoberta da quarta dimensão.
5) O número cinco é para designar que todas as minorias pertencem ao MUK: (Movimento Universalista do Kaos). As sociais, as espirituais, as negras, mulatos, cafuzos, mamelucos, místicos, mulheres, homossexuais, bissexuais, pansexuais, sado-masoquistas, etc…
6) O item sexto é para dizer que é tudo mais ou menos 73% em ondas sonoras-musicais. A comunicação total!

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Lubi Prates: um corpo negro (2018)

Lubi Prates (1986, São Paulo, Brasil) é poeta, editora e tradutora. Tem três livros publicados: coração na boca (2012), triz (2016) e um corpo negro (2018), que foi contemplado pelo PROAC com bolsa de criação e publicação de poesia. É sócia-fundadora e editora da nosotros, editorial, e é editora da revista literária Parênteses.





Os poemas a seguir foram selecionados da obra um corpo negro (nosotros, editorial,2018).





NÃO FOI UM CRUZEIRO


meu nome e
minha língua

meus documentos e
minha direção

meu turbante e
minhas rezas

minha memória de
comida e tambores

esqueci no navio
que me cruzou
o Atlântico.


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