Daniel Tomaz Wachowicz

Nascido em Taboão da Serra – SP, Daniel Tomaz Wachowicz é formado em Letras e é professor de português e inglês, tendo feito diversos cursos de produção literária. Em 2014 fez o lançamento de seu primeiro livro de poesias Convite ao abismo, pela Multifoco. Atualmente estuda música na FPA (Faculdade Paulista de Artes) e uma de suas metas é musicar poesias.

 

 
 

TEMPOS DE PENHASCO

São tempos de penhasco
Para a boca trêmula
Que aperta a fala
Que sai espremida
Entre dentes e lábios
Que tremem inseguros.

A fala é frágil
E se dissipa no ar
Antes de se chocar
Com os ouvidos
Que nunca ouvirão
Aquelas pétalas finas
Dizerem: eu te amo.

 
 

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Gabriel Felipe Jacomel: Deflora (2016)

Gabriel Felipe Jacomel é autor da Deflora (Editora Patuá, 2016), bem como de diversos escritos espalhados por aí – grande parte disponível em faziafagiaebulimia.blogspot.com. Gravou com o Balanço Bruxólico os EPs homônimo (2007) e Episódio Piloto (2010), e com o Café da Manhã outro EP de mesmo nome da banda (2012). Também atuou em alguns curtas, longas e peças, e dirigiu algumas destas.

 

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Os poemas a seguir foram selecionados do livro Deflora (Editora Patuá, 2016).

 

ONIFAGIA (FAS ORAL)

expurgarte
vomitar-te
até o estranho objeto
até o entranho abjeto
de mim fora
fazer parte

refeição de meninice

não sacia
só faz arte”

    no sofá
a lambuzar

no sol fa(z)
ali mentar

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Pedro Spigolon: Espanto (2015)

Pedro Spigolon nasceu em Araras (SP) no dia 16 de Abril de 1992, sob o signo do fogo. Graduou-se bacharel em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas. Publicou espanto (Editora Medita, 2015), seu primeiro livro de poesias em maio de 2015, no qual estão os textos selecionados; e poemas na revista literária euOnça, yoJaguar e na antologia do Jornal RelevO.

Os poemas a seguir foram selecionados do livro  espanto (Editora Medita, 2015).

 

foto: Pedro Spagnol

FOTOGRAFIA DE UMA MORTE

Um vento salgado roubou
a cor de teus cabelos,
na nuca inventou o inverso
dum parto, partiste
como um navio
sem festim de aceno.
Perseguiste uma ilha qualquer
navegando em meu sangue.
A película imitou teu
instante de inferno.
Tive os olhos incendiados
como quem chora gasolina.

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Ana Rüsche (2005-2013)

Ana Rüsche nasceu em São Paulo em 1979. Publicou os livros de poesia Rasgada (Quinze & Trinta, 2005), traduzido para o espanhol pela Editora Limón Partido, em 2008, Sarabanda (Selo Demônio Negro, 2007), reeditado pela Editora Patuá, em 2013, Nós que adoramos um documentário (Ed. Ourivesaria da Palavra, 2010) e Furiosa (Edição da autora, 2016), seleção feita pela autora de seus poemas anteriores. Tem também um romance, Acordados, publicado pela Editora Amauta em 2007, com apoio PAC – Secretaria de Estado da Cultura, fazendo o livro circular através de seu projeto de distribuição por contrabando.

É doutora em Letras, ministra oficinas de criação e cursos sobre arte comtemporânea e, como diz, “faz o próprio pão, a própria cerveja e mora com seu cão”.

Conheça mais de seu trabalho em www.anarusche.com

 

 

 

O POEMA BRANCO

e ela montada
no topo da bicicleta ergométrica
uma caixinha de música
laqueada como gelo
a rodar, a esperar
a agulha hipodérmica de endorfina
para capar seu coração.

um romance raso.
eu queria ser um esquimó
mas entre uma faísca e outra,
o frio da estroboscópica,
a solidão me dá picadas
uma cocaína negra com mel
que me anima.

minhas mortes são semanais.
em lençóis alugados por pernoite
no degelo de teus cabelos negros
de latin lover

e como você faz a tantas donzelas
teus dedos apalpam
minha pequena morte úmida
e lhe aplicam um
grito seco na canção de rádio pela tarde
olhos pretos cheios de branco

mas agora é escuro
pela pia de mármore duro
ela derrama a borra de café
que se transforma em terra
e embala os natimortos de nossos sonhos

um romance raso.
e ela entediada roía unhas
na internet os esquimós
seus pés assustadoramente descalços.

 

(do livro: Sarabanda. São Paulo: Editora Patuá, 2013.)
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Gustavo Berbel

Gustavo Berbel é formado em Ciências Sociais (FFLCH-USP), mestrando em Antropologia Social (PPGAS-USP) e pesquisador do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (NAPEDRA-USP). Fundou, junto com outros escritores, o coletivo Poesia Primata e lançou de forma independente o livreto Do canavial elétrico à metrópole (2015).

 

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PALAVRAS LAVADAS DE ROXO

margeando o tietê sertanistas sangraram o solo
pintaram a cor forte – esse roxo avermelhado de suas vísceras
amigavelmente assassinando os kaingang
sepultando-os embaixo dos pés de cana-de-açúcar
(pois cada cristão tem sua cruz)

inútil falar
sobre terra de bandeira
solo de covardes desertores de guerra
que preferiram matar índios
(cordialmente)

como posso soltar grunhidos?

se na verde bifurcação pontiaguda
fundi-me com a terra roxa e acabei amordaçado
sendo mais uma artéria aberta no campo incomunicável

não há o que explicar sobre essas casas tortas de madeira
sobre o moinho enferrujado da vida rural

são chapas e fábricas de homens

cortes a laser

dobras metálicas

peças

minha certidão de nascimento:
um sítio no limiar de Vanglória
feito terra sou explorado

plantado pisado calado
sem poder falar

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