Juliana Ramos escreve, revisa e traduz. É graduada em Letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo e cursou os Programas Formativo e de Aprimoramento em Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida. É autora do livro No coração fosco da cidade (Impressões de Minas, 2018) e integra a antologia Corpo de terra (Quelônio, 2021).
Os poemas a seguir foram selecionados do livro No coração fosco da cidade (Impressões de Minas, 2018).
PONTO DE PARTIDA
caminho por meu bairro como quem viaja como quem desconhece o que vê ou esquece o que conhecia
coloco-me no centro de tudo e passando passo despercebida
sou a caminhante contemplativa que se deslumbra mas não se adequa e cada ângulo ou detalhe novo provocam a memória do que nunca vi
Claudio Daniel, pseudônimo de Claudio Alexandre de Barros Teixeira, é poeta, romancista e professor de literatura. Nasceu em 1962, na cidade de São Paulo (SP). Cursou o mestrado e o doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). Realizou o pós-doutoramento em Teoria Literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi diretor adjunto da Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, curador de Literatura no Centro Cultural São Paulo e colunista da revista CULT. Atualmente, Claudio Daniel é editor da revista eletrônica de poesia e artes Zunái, do blog Cantar a Pele de Lontra (http://cantarapeledelontra.blogspot.com) e ministra aulas online de criação literária no Laboratório de Criação Poética, curso realizado à distância, via internet. Publicou diversos livros de poesia, ensaio e ficção, entre eles Cadernos bestiais: breviário da tragédia brasileira, Portão 7 e Marabô Obatalá, todos de poesia, o livro de contos Romanceiro de Dona Virgo e o romance Mojubá.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Sete olhos & outros poemas (Córrego, 2022).
CONVERSA SOBRE O BRASILCOM UM POETA CHINÊS
País tão sombrio – como um arco-íris negro; como um cão negro e outros cães, todos negros; luz negra, jade negro, pele negra, sangue negro, soldados brancos e negros que matam negros, uma, duas, três, até oitenta vezes; palavras escuras secam na boca, costurada; nenhum pensamento é possível aqui, só o telejornal zumbi; Em qual língua é possível expressar este açougue de carne humana? Este é o relógio do medo, estes são os dez dedos do medo Há sobreviventes? Uma palavra cai, duas, três palavras, numa tigela vazia. Um rato é o nosso rei. Relâmpago ilumina flor mínima, no caminho das antiflores.
Erlândia Ribeiro é escritora, tendo publicado o livro de contos Superfícies irregulares pela Kotter Editorial em 2019 e seu livro de poemas, vermelho/ruína em 2021, pela Editora Urutau. É graduada em Letras Espanhol e Mestra no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários – PPG-MEL pela Universidade Federal de Rondônia e, atualmente é doutoranda em Estudos Literários no Programa de Pós-Graduação do PPGL-UFES pela Universidade Federal do Espírito Santo. Trabalha com os diários da escritora argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972), seu objeto de vida e de pesquisa. É uma das fundadoras do Clube das Escritoras de Rondônia.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Vermelho/ruína (Urutau, 2021).
ÁGUAS SÃO ESPAÇOS ABERTOS
sonho perpétuo língua estremecida em qual curva fugimos? tudo enfraquecido afoga no precipício as águas são espaços abertos você é um espaço aberto mesmo que endereçado.
Eleazar Venancio Carrias nasceu em 1977, no município de Tucuruí, Pará. Publicou os livros de poesia Máquina (Urutau, 2021), Regras de fuga (e-galáxia, 2017) e Quatro gavetas (Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, 2009), vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura 2008. Em 2022, foi semifinalista do Prêmio Oceanos e finalista do Prêmio Mix Literário.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Máquina (Urutau, 2021).
BABILÔNIA
Babilônia não fica longe. É nela que habito desde que você partiu.
Não há exílio maior do que percorrer a casa com uma cadeira vazia atravessada no peito.
Djami Sezostre, criador da Poesia Biossonora e da Ecoperformance, é autor dos livros: “Lágrimas & Orgasmos”, “Águas Selvagens”, “Dissonâncias”, “Moinho de Flechas”, “Cilada”, “Solo de Colibri”, “Çeiva”, “Pardal de Rapina”, “Anu”, “Arranjos de Pássaros e Flores”, “Cachaprego”, “Estilhaços no Lago de Púrpura”, “Yguarani”, “Silvaredo”, “Z a Zero”, “Eu Te Amo”, “Onze Mil Virgens”, “O Menino da sua Mãe”, “Zut”, “Cavalo & Catarse”, “Salmos Verdes”, “O pênis do Espírito Santo”, “Cão Raiva”, “Óbvio Oblongo”, “O pássaro zero”.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro “Óbvio Oblongo” (Laranja Original, 2019).
FLORMÃE
A minha mãe saiu pelo mundo Ela queria pedir pelo filho que Não falava a não ser pelos dentes Que mordiam a boca da irmã Ela queria pedir pelo filho que Não falava a não ser pelas mãos Que mordiam a boca da irmã
Como dentes que mordiam Como serpentes não a irmã
E sua boca de beijos como Serpente aos lábios de lótus