Rodrigo Lobo Damasceno nasceu em Feira de Santana (BA), em 1985, e vive em São Paulo desde 2011. Escreve poemas, contos, romances e ensaios. Às vezes, traduz. Junto com a artista Camila Hion, edita textos e imagens pelo selo treme~terra, onde atua também como artesão e feirante. Ao lado de Fabiano Calixto, Natália Agra e Tiago Guilherme Pinheiro, faz a revista de poesia Meteöro.
foto: Camila Hion
Os poemas a seguir foram selecionados do seu livro de estreia Casa do Norte (Corsário-Satã, 2020), disponível em pré-venda neste link.
BAR TORQUATO NETO
para Gustavo
à beira do parnaíba, lá pra cima,
um vampiro, sozinho e bêbado, passeia por teresina
– triste nosferatu
nordestino
afeito
ao trópico –
seu grito faz eco no espaço aberto do viaduto do chá
Fabiano Calixto nasceu em Garanhuns (PE), em 8 de junho de 1973, e vive em São Paulo. É poeta, editor e professor. Doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (USP). Publicou os seguintes livros de poesia: Algum (edição do autor, 1998), Fábrica (Alpharrabio Edições, 2000), Música possível (CosacNaify/ 7Letras, 2006), Sanguínea (Editora 34, 2007), A canção do vendedor de pipocas (7Letras, 2013), Equatorial (Tinta-da-China, 2014), Nominata morfina (Corsário-Satã, 2014) e Fliperama (Corsário-Satã, 2020). Divide, com a poeta Natália Agra, os trabalhos da editora Corsário-Satã, a casa e os cuidados com os gatos Bacon Frito e Panqueca. É um dos editores da revista de poesia Meteöro. No campo musical, está preparando o primeiro disco de sua banda de rock, o Gabiru Attack, e, ao lado de Leoni, Lourenço Monteiro e Humberto Barros, participa do coletivo sonoro O Hipopótamo Alado.
retrato digital de Pedro Mohallem
Os poemas a seguir foram selecionados da obra Fliperama (Corsário-Satã, 2020).
Marina Ruivo é professora universitária e atuou por muitos anos no mercado editorial. É autora de Geração armada: literatura e resistência em Angola e no Brasil (Fapesp/Alameda Editorial, 2015), publicou contos e poemas em revistas digitais diversas e tem em Nossa barca sua estreia literária.
Os poemas a seguir foram selecionados da obra Nossa barca (Patuá, 2019).
NOSSA BARCA
Desmanchando-se dissoluta No colo que eu queria, Nossa barca não era canoa, Fria ausência do sol.
Era mais firme, mais forte, Mais nossa e feita na exatidão Das tempestades dos seus cabelos, Salgados e cheirando a mar.
Grudando-se com a cola das algas, Seu corpo moldava-se ao mar, Tirava da inércia meu desejo, Reescrita rediviva das ondas.
A companhia do seu ato, Seu barco de areia ao vento, Doce dolorimento do meu gozo Líquido, projetando-se à vibração Das cordas das vozes, Espumando-se fora de mim.
Ah, nossa barca ganhava em tamanho, Vagava de novo, úmida, Ao caminho do mar. E eu seguia com ela, Apenas seguia…
Alexandra Vieira de Almeida é poeta, contista, cronista, resenhista e ensaísta. Tem Doutorado em Literatura Comparada (UERJ). Atualmente é professora da Secretaria de Estado de Educação (RJ) e tutora de ensino superior a distância (UFF). Tem seis livros de poesia, sendo o mais recente A negra cor das palavras (Penalux, 2019). Seus poemas foram publicados nos importantes meios de comunicação: “Revista Brasileira”, da Academia Brasileira de Letras, “Jornal Rascunho” e “Suplemento Literário de Minas Gerais”. Publica constantemente em antologias, revistas, jornais e alternativos por todo Brasil e também no exterior. Tem poemas traduzidos para vários idiomas.
Os poemas a seguir foram selecionados da obra A negra cor das palavras (Penalux, 2019).
A NEGRA COR DAS PALAVRAS
A negra cor das palavras, rasgando minha pele abismal
No sono dos mortais, encontro a imortalidade da chama que queima o corpo da manhã
Na noite dos apaixonantes véus, o delírio do verso esférico como a bola da lua em cristal de espumas
Não digo o verbo de espinhos qual sangue que fere o tempo Digo a palavra bruta que tece os terçóis do sol
Na languidez do mapa, o itinerário das negras letras a faiscar um caminho para o Paraíso.