Heitor Ferraz Mello: Meu semelhante (2016)

Heitor Ferraz Mello nasceu na França, passou a infância em São José dos Campos e mora em São Paulo. É jornalista, professor universitário, mestre em literatura brasileira pela USP e faz doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada. É autor dos livros Resumo do dia (Ateliê Editorial, 1996), A mesma noite (7Letras, 1997), Goethe nos olhos do lagarto (Moby Dick, 2001), Hoje como ontem ao meio-dia (7Letras, 2002), Pré-Desperto (Edição Caseira, 2004), Um a menos (7Letras, 2009) e Meu semelhante (7Letras, 2016).

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Meu semelhante (Editora 7 Letras, 2016).
 
meu semelhante

 

ANTROPÓFAGOS

Tendo visto que
ao contrário deles
os portugueses
enterravam seus inimigos
até a cintura
para depois os flecharem
e enforcarem
descobriram espantados
a tortura
a crueldade
que não fazia parte
de seus ritos
antropofágicos

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Ana Martins Marques: trajetória poética

Ana Martins Marques nasceu em Belo Horizonte, é graduada em Letras na UFMG e tem doutorado em literatura comparada pela mesma universidade. É autora dos livros de poesia A vida submarina (Editora Scriptum, 2009), Da arte das armadilhas (Companhia das Letras, 2011), O livro das semelhanças (Companhia das Letras, 2015) e Duas janelas, escrito em dupla com Marcos Siscar (Luna Parque, 2016).

 

ana martins marques
foto: Rodrigo Valente

 

Os poemas a seguir são alguns dos nossos favoritos dos três livros da poeta publicados até 2015.

 

poemas de A vida submarina (Editora Scriptum, 2009):

 

a vida submarina

 

AQUÁRIO

Os peixes são tristes no aquário
mesmo que não conheçam o mar
alguma coisa neles quer o amplo.

No poema
morrem sem água
na primeira estrofe.

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Juliana Bernardo: Vitamina (2013)

Juliana Bernardo é poeta, taróloga e mochileira. Publicou Carta Branca (2011) e Vitamina (2013), ambos pela Editora Patuá. Desde 2012, organiza saraus, festivais independentes e rodas de conversa sobre escrita e publicação. Cursou Filosofia, na USP, e coeditou a Coleção Edições Maloqueiristas (2014), que reuniu 26 títulos entre poesia, ficção e teatro marginal. Escreve sobre as medicinas da floresta, e edita em casa seus livretos sobre bruxaria e sobre candomblé.

contato: [email protected]
https://www.facebook.com/caminhandocomosmisterios

 

 

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Vitamina (Editora Patuá, 2013).

 

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sou criança. ganho de presente um coelho e um lápis. o lápis para
desenhar o destino do coelho. nas páginas grandes do livro em
branco rabisco planaltos ensolarados e um enorme gato laranja,
eletrocutado de alegria. no verso desenho um campo que lembra
o jardim das delícias. a cor vai correndo atrás do que o lápis traça.
o livro foge do meu controle. o coelho é verde.

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Luiza Borba

luiza borba. são paulo capital 1995. criançosa por persistência : mãe de fartesia (anadarco editora, 2012) i candombeiras, (c)a(r)dências caiporas no rompante do ris(c)o (2016) : sigo grÁvida : sou rio : às margens : to tumém nas antologias 1 vez poetas ambulantes (2013), Di Menor, uma antologia Maior (nas redes desde 2015 – https://issuu.com/vctrh/docs/dimenor), Marginais Plácidos (antologia do slam do grito, 2015) i Ciranda Poética (antologia do sarau encontro de utopias, 2016) : so fundadora do projeto turma tinas, criancionices poéticas, que participou em 2014 do reflorestamento de sacys na premera virada educação : tava inda na mesa de debate páginas anônimas, a literatura que o brasil faz e você desconhece, acontecida na 24ª bienal do livro : é capaz que esteja esquecendo de algo. perdoa.
[texto da autora]

 

foto-luiza-borba
foto: João Marcos Nigra
 

Os poemas que seguem foram retirados do livro candombeiras, (c)a(r)dências caiporas no rompante do ris(c)o (edição da autora, 2016)

 

/cismansando o m/

tem sempre um ruído de pessoas prestes m som m
anso e l e n t o que nos cai i
r-remediavelmente dentro é tudo s
imples por aqui . e por isso mesmo
é tudo centro
transbordando nos o
cos, emprenha vazio caduca fronteira
sem precisões nem precisânsias, amor é u
ma risada larga que cabem tudo

fecundo . diz
vai abraçar o mundo de pé descalço

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Giselle Vianna: Interpeles (2008)

Giselle Vianna nasceu em Campinas-SP em 1981. Formada em Direito pela USP, é mestre e doutoranda em Sociologia pela Unicamp. É autora do livro Interpeles (Editora Komedi, 2008) e organizadora do livro Tempo de Jabuticabas (Editora Pontes, 2016). Idealizou o Coletivo Ocupecompoesia, que promove ações político-poéticas na cidade de São Paulo.

 


foto: André Gomes de Melo

 

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Interpeles (Editora Komedi, 2008).

 

ME

ilumina-me
pensava ele diante
do vagalume:
então o dissecava
até o caroço da morte
mas aprendi anatomia
consolava-se em pânico

diverte-me
pensava ele diante
do brinquedo eletrônico:
então o destroçava
e remontava
triunfante

ama-me
pensava ele
diante de Ana:

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