Poeta paraense, radicado em São Paulo desde 1972. É reconhecido entre os grandes talentos da Geração de 1970. É autor dos livros de poesia Salve Salve, Arco Vermelho, Os Reis de Abaeté, O Primeiro Inferno e Outros Poemas, Sete (com 25 xilogravuras de Valdir Rocha), Testamentos, Poemas Perversos, O Coração dos Outros, Desnudo e Um homem cantava para cachorros.

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Um homem cantava para cachorros (Pantemporâneo, 2022).

MERDAS
E agora, seus merdas?
Agora que a caixa de pandora
foi partida ao meio
e o grande segredo revelado
o que me dizem?
Agora que as árvores estão tombadas.
Agora que os pintores de faixas de rua
estão em greve contra os baixos salários.
Agora que as águas do Atlântico
chegam com extrema violência à praia
e arrebentam as calçadas e as
barracas dos vendedores de peixe frito
e sorvete de framboesa e morango.
Agora que a maldita mentira se vê exposta
sobre os grandes balcões dos bares
o que me dizem?
Seus merdas.