João Henrique Balbinot: Meta amorfoses de um corpo abjeto (2020)

João Henrique Balbinot, paranaense de interior, nasceu em 1989. É um artista multiexperimentalista e também psicólogo. Como escritor, publicou os livros de contos “No arco-íris do esquecimento” (Multifoco, 2012) e “Permeabilidades do intransponível” (Patuá, 2016), e também os livros de poesias “Pequenezas e outras infinitudes” (Multifoco, 2014), “O medo de tocar o medo” (Patuá, 2018) e “Meta amorfoses de um corpo abjeto” (Patuá, 2020). Mantém no Instagram a página @poesia_fugidia onde compartilha seus escritos e colagens analógicas. Contato: [email protected]



Os poemas a seguir foram selecionados do livro Meta amorfoses de um corpo abjeto (Patuá, 2020).




NO CÉU, O QUE NOS ESPERA

Palavras perdidas de vôo
Empedrados pássaros
Calcificam-se no ar parado da tarde
E caem meteóricos
Mascarados pelo excesso de luz

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Maurício Simionato: O AradO de OdarA (2021)

Nascido em Assis (SP), jan/1973, e morador de Campinas (SP), Maurício Simionato é
poeta e jornalista. Lançou os livros de poesias “Impermanência” (2012, selecionado
pela Secretaria de Cultura de Campinas para publicação), “Sobre Auroras e
Crepúsculos” (Ed. Multifoco, 2017), lançado na Bienal do Livro do Rio/2017, e “O
AradO de OdarA” (Patuá, 2021). Teve poemas publicados em diversas revistas
especializadas em literatura e em mais de dez antologias poéticas. Como jornalista, foi
correspondente na Amazônia.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro O AradO de OdarA (Patuá, 2021).





TRIGRAMAS



Na infância, esqueci
quem fui.

Na velhice, lembrei
quem era.

Após a morte,
voltei a ser
o que se é.

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Layla Gabriel de Oliveira: O que há por trás da porta (2020)

Layla Gabriel de Oliveira (1999) é poeta, professora e graduanda em Letras na UFPR. Foi finalista do Prêmio Off-Flip de Literatura (2020 e 2021), e do Concurso de Contos Luci Collin (2020). Teve poemas publicados em mídias como Revista Torquato e Literatura BR. O seu livro de estreia, O que há por trás da porta, foi publicado em 2020 pela Kotter Editorial.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro O que há por trás da porta (Kotter Editorial, 2020).



ODE À FACA NA MINHA GARGANTA

como caco de vidro
eu engulo a palavra
que desce furando
abrindo buraco
vazando poema

eu engulo um caco
onde fura a palavra
que abre descendo
uma porta de sono
uma ponta de faca

eu abro uma porta
que aponta o poema
engulo onde vaza
e desce do sono
a palavra que
de vidro

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Kleber Lima: Poemas I (2016)

Kleber Lima é bibliotecário e nasceu em Teresina (PI) em 1984.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro “Poemas I” (Penalux, 2016).



1


Não há lugar
a não ser você ou eu.
Desapropriada a dor
um deserto se instala
progride sobre nossos corpos
irreversivelmente;
como lagartos
precipitamos no arenoso,
em busca da umidade,
manter o escasso
o nível exato do ávido
ou aumentar o estoque
o make me a mask antitédio
através das sucções cactáceas
do beijo
da desova lírica
desses blocos de ácido no peito
somos derivados
salvos, contudo,
por essas parênquimas aquíferas
absintando nossas feridas
por esses sumos sem rumo
recheados de carne ofídica
o amor goelabaixo
o amor goelabaixo
o amor goelabaixo
entre nossos caninos dentes
também dá samba.

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R. Paiva: Cenas da passagem (2021)

Raphael Paiva nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1998. Dedica-se à poesia desde os 14, tendo começado a traduzir aos 17 (inicialmente, apenas poetas anglófonos, como William Butler Yeats e Ezra Pound) a fim de estudar a lírica na intimidade de diferentes línguas e tradições.




Os poemas a seguir foram selecionados do seu livro Cenas da passagem (Primata, 2021), disponível para aquisição neste link.



I


Sou contra a pedra que jaz profunda, etimológica, no adjetivo pétreo.

A pedra, dormente, acrítica,
é de uma paciência sem descanso ao tempo.
A pedra pesa,
a pedra vale,
a pedra sem fim, a pedra finita,
intimidade concreta, substantiva, despida de metafísica – que não a penetra –

opõe-se ao destino de coisa abjeta.

Calada, a pedra dispensa também silêncio,
gravidade, vida, valores.
A pedra, com sua pedagogia ociosa, oprimida,
só me ensinou a atirá-la:

antes, nas horas vagas;

hoje, nas decisivas.


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