Marina Ruivo nasceu no Dia Internacional da Mulher de 1978, em São Paulo. Cursou Letras/Português na USP e lá defendeu o mestrado e o doutorado. Trabalhou como freelancer no mercado editorial e atualmente é professora universitária. Mantém o canal A barca Marina, no Youtube e publicou Nossa barca (Patuá, 2019) e Geração armada: literatura e resistência em Angola e no Brasil (Alameda Editorial/Fapesp, 2015).
Os poemas a seguir foram selecionados de seu novo livro Leite de mulher (Patuá, 2021).
A NATA
Um nada.
Mera nata no oceano que é a vaca.
Leite de mulher, se fervido, dá nata?
Não sei, mas do meu leite provei.
Gosto de rosa, de flor.
Gostei.
Uma flor do leite, a nata?
Ou um nada no oceano da vida,
esse éter que nunca fomos e pra onde
nem sabemos se vamos caminhar?
Um átimo, um suspiro.
Uma batida do coração que está na mão.
Nossa vida nata no mundo de leite.
Parindo, parindo, parindo.
Uma vaca, um leite.
Um nada,
Uma nata.