Matheus Guménin Barreto: Mesmo que seja noite (2020)

Matheus Guménin Barreto (1992) é poeta e tradutor mato-grossense, um dos editores da revista Ruído Manifesto. É autor dos livros A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017), Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018) e Mesmo que seja noite (Corsário-Satã, 2020). Doutorando da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Leipzig na área de Língua e Literatura Alemãs – subárea tradução -, estudou também na Universidade de Heidelberg. Teve poemas seus traduzidos para o inglês, o espanhol e o catalão; publicados em revistas no Brasil, na Espanha e em Portugal; e integrou o Printemps Littéraire Brésilien 2018 na França e na Bélgica a convite da Universidade Sorbonne. Publicou em periódicos ou em livros traduções de Bertolt Brecht, Ingeborg Bachmann, Johannes Bobrowski, Nelly Sachs, Paul Celan, Peter Waterhouse, Rainer Maria Rilke e outros. Entre os cursos que ministra esporadicamente está o “Verso vivo: introdução ao verso livre e ao verso fixo de Shakespeare a Criolo”.


Os poemas a seguir foram selecionados do seu livro Mesmo que seja noite (Corsário-Satã, 2020), disponível para compra neste link.



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o mapa do corpo sob as mãos
desenhando itinerários bruscos
mornos
contornando bocas que não existem, mas que existirão
pés que não andaram, mas andarão
sexos que não se apontaram
mas que se apontam, agudos, sob o toque
devagar
como o encontro
de um trópico último com um último meridiano

os olhos nublados de algo que não se adivinha

o homem tem o homem nas mãos
e as mãos seguem seu cego itinerário provisório
apagado sempre pelo toque próximo e sombra e esquecimento –
apagado como a praia e o vento que a inaugura

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Matheus Guménin Barreto: A máquina de carregar nadas (2017)

Matheus Guménin Barreto (1992, Cuiabá) é poeta, tradutor e doutorando em teoria da tradução (FFLCH-USP). Publicou traduções de Bertolt Brecht e Ingeborg Bachmann. Em 2018 integrou o Printemps Littéraire Brésilien na França e na Bélgica a convite da Universidade Sorbonne. Publicou os livros A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017) e Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018).

 


foto: Isabel Barreto

 

Os poemas a seguir foram selecionados do livro A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017).

 

 

PRIMEIRO

 

O toque mesmo nas coisas
para lembrar as mãos da
arquitetura limpa daquilo
que o mundo gestou.

A mão limpa, cartesiana, reta
pelas coisas
para tirar o pó sobre os nomes

sol, xícara, casca, ladrilho, pêssego, miséria

e tocar outra vez
como no Dia Primeiro
algo dos nomes
que vibre.

 

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