Donny Correia: Zero nas veias (2015)

Donny Correia, poeta e cineasta, é mestre e doutorando em Estética e História da Arte pela USP e bacharel em Letras – tradutor e intérprete pelo Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero). Realizou os curtas experimentais Anatomy of decay, Braineraser, Totem, este selecionado para a 34ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e Prêmio Canal Brasil, e In carcere et vinculis. Publicou os livros de poesia O eco do espelho (2005), Balletmanco (2009) e Corpocárcere (2013) e Zero nas veias (2015), além de ter organizado, junto com Marcelo Tápia a antologia Cinematographos de Guilherme de Almeida, para a Editora Unesp (2012). É coordenador de programação da Casa Guilherme de Almeida.

 

 

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Zero nas veias (Patuá, 2015).

 

 

O PORÃO DAS CÉLUAS

 

para joão correia
para valdomiro boldrini
 

uma fila na farmácia pública:
um exército
de células vencidas se conforma

são semblantes e semblantes alquebrados
desprovidos e calados
nulos, retorcidos

imerso na inércia
à espera de uma senha

há uma espera que se sustenta
maior do que o tempo que lhes cabe
/ainda/

os tubos, as sondas, o pus
os desmaios
a vida se esvai
a vida /ex/ vai
no rebanho semimorto
na farmácia pública

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