Rebecca Loise: Engordei o sol noturno (2022)

Rebecca Loise nasceu em Dourados, Mato Grosso do Sul, em 1989. É escritora, psicóloga, psicanalista, artista da cena e do corpo. Graduada em Psicologia e mestra em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente atende em consultório on-line, é colunista do Jornal Folha de Dourados, atua, performa e dedica-se à área de pesquisa e de criação artística em Arte & Psicanálise. Engordei o sol noturno (Urutau, 2022) é seu primeiro livro. Site: www.rebeccaloise.com



Os poemas a seguir foram selecionados do livro Engordei o sol noturno (Urutau, 2022).


HÁ UM NÓ NA GARGANTA DO SILÊNCIO

Se eu pudesse
entregar a você
o meu silêncio
com as mãos
em concha
,
seríamos
nós
um
oceano
pacífico
.
Mas

um

na
gar
gan
ta
do

Silêncio
!
É o grito
do místico
suicida
.
Em pleno mar
de ondas bélicas
afogou-se
pela âncora
de um navio-fóssil
.
Ninguém
nunca mais
disse nada
no enterro
.
A lápide
gravada
na pedra da
costa da praia
.
Pescada
pela dor
o aviso da
garrafa
:
Silêncio
é a palavra
que mais dura
na boca
.

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Marcelo Torres: Tu és isto e mais dez mil coisas (2022)

Marcelo Torres publicou Vertigem de Telhados (poemas, 2015) e nadar em cima da
rua
(poemas, 2015), editados pela Kazuá, Páthos de fecundação e silêncio (poemas,
2017) e Poemas tímidos e gelatinosos (poemas, 2019), editados pela Patuá. Com a
editora Córrego publicou os livros Saindo sem avisar/Voltando sem saber de onde
(poemas, 2020) e Tu és isto e mais dez mil coisas (poemas), lançado no mês de maio de
2022. O autor ainda têm poemas publicados em antologias, revistas de literatura e
cultura no Brasil e no México. É um dos criadores do Canal Clóe de Poesia que já
realizou mais de 70 entrevistas com poetas brasileiros e da Editora Clóe que é uma casa
editorial de publicação de literatura no país. Nasceu em Pernambuco na cidade de
Palmares no mês de março de 1984.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Tu és isto e mais dez mil coisas (Córrego, 2022).


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Flora Miguel: tempo sem cruz (2022)

Flora Miguel é jornalista, trabalhadora da cultura e escritora. Tem experimentos com dramaturgia, assina a canção “Pela Cidade” em parceria com o duo A Transe e tem poemas publicados em revistas literárias no Brasil, Portugal e México.

foto: Raissa Nosralla


Os poemas a seguir foram selecionados do seu livro de estreia “tempo sem cruz” (Primata, 2022), disponível neste link.



BOAS-VINDAS

primeiro o susto
primeiro desterro
primeiro um tom inaudível
um raio espesso
dentes em festa se chocando
primeiro

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Carlos André: mínima lâmina (2020)

Carlos André é poeta, compositor e pesquisador literário independente. Idealizador, ao lado de Marcelo Torres, do Canal Clóe de Poesia e da Editora Clóe. Já ministrou inúmeras oficinas, palestras e workshops sobre composição musical e criação literária. Tem diferentes trabalhos espalhados pelas redes.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro mínima lâmina (Córrego, 2020).


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pelas mãos de meu pai
férreas mãos
tudo fero

pelas mãos de meu pai
meus irmãos
meu desterro

o que escrevo
pelas mãos de meu pai?

o que vem à boca?

em quais noites
doces mãos

mãos de barro
mãos aos pedaços

canção

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Jéssica Iancoski: A Pele da Pitanga (2021)


Jéssica Iancoski é contista infantil, poeta, editora e criadora de conteúdo digital. Ao todo, seus projetos somam mais de 1 milhão de acessos (Spotify e YouTube). É autora de “A Pele da Pitanga” e “TeXtosterona: do X à neutralidade dos homens”. Participou de diversas antologias e revistas nacionais e internacionais (Argentina, Colômbia, Espanha, Galiza, Peru, Portugal). É fundadora do “Toma Aí Um Poema” — maior podcast lusófono de declamação de poesia. Para Ernani Buchmann, presidente da Academia Paranaense de Letras, a poesia de Jéssica Iancoski, em “A Pele da Pitanga” é um manifesto e “inaugura no país uma poética raiz, algo inusitado”.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro “A Pele da Pitanga” (Toma Aí Um Poema, 2021).


MAMA NA TETA DA MATA


quem desmata
mata não só a mata

mata e ninguém fala
mata e o estado cala

matam a mata
matam à bala

a boca brasileira cala
a cara brasis nata

a boca branca bebe e
mama na teta da mata

a boca branca mata
e mama na teta da mata

mata e mama
na mama da mata

mama e mata
— é mamata.


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