Marina Ruivo: Leite de mulher (2021)

Marina Ruivo nasceu no Dia Internacional da Mulher de 1978, em São Paulo. Cursou Letras/Português na USP e lá defendeu o mestrado e o doutorado. Trabalhou como freelancer no mercado editorial e atualmente é professora universitária. Mantém o canal A barca Marina, no Youtube e publicou Nossa barca (Patuá, 2019) e Geração armada: literatura e resistência em Angola e no Brasil (Alameda Editorial/Fapesp, 2015).



Os poemas a seguir foram selecionados de seu novo livro Leite de mulher (Patuá, 2021).



A NATA

Um nada.
Mera nata no oceano que é a vaca.

Leite de mulher, se fervido, dá nata?
Não sei, mas do meu leite provei.
Gosto de rosa, de flor.
Gostei.

Uma flor do leite, a nata?
Ou um nada no oceano da vida,
esse éter que nunca fomos e pra onde
nem sabemos se vamos caminhar?

Um átimo, um suspiro.
Uma batida do coração que está na mão.

Nossa vida nata no mundo de leite.
Parindo, parindo, parindo.
Uma vaca, um leite.
Um nada,
Uma nata.

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Henrique Duarte Neto: À espera do fantasma da liberdade (2022)

Henrique Duarte Neto, nasceu no interior de Santa Catarina em 1972, é graduado em Filosofia pela UFSC e doutor em Literatura pela mesma universidade. É autor dos seguintes livros de poesia: Musas seguidas de poemas filosóficos (Insular, 2019), Provocações 26 (Kotter, 2019), 34 pequenos exercícios poéticos (Primata, 2020), 3 em 1 (Kotter, 2021) e À espera do fantasma da liberdade (Primata, 2022).



Os poemas a seguir foram selecionados do livro À espera do fantasma da liberdade (Primata, 2022), disponível neste link.



8

verão, a carne sofre
em descompasso íntimo:
sol na meia-idade.

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Caroline Prince: Aurora (2021)

Caroline Prince nasceu na cidade de São Paulo, em 1990. Formada em Direito, escreve por ofício e por fascínio com o mundo que observa.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Aurora (Primata, 2021) disponível neste link.



IPÊ-AMARELO

Dançar é como canto as músicas
que ainda não aprendi. Reparei primeiro
no tapete dourado, não de todo pisoteado. Tropecei,
e foi para cima que olhei.

(É tempo de vôo, não de queda)

E eu vi o céu, ele
cantava em amarelo
Da melodia,
só conheci a cor.

O equilíbrio não tem descanso.
Meu corpo, naquele dia,
adormeceu dançando.


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Susanna Busato: Moldura de Lagartas (2020)

Susanna Busato é poeta e professora de poesia brasileira (Unesp). Autora dos livros de poemas Corpos em Cena (Ed. Patuá, 2013),  finalista do 56º Prêmio Jabuti, em 2014 e Moldura de Lagartas (Selo Demônio Negro, 2020). Publicou a plaquete Papel de Riscos, pelo Centro Cultural São Paulo, em 2013. Ganhadora do Mapa Cultural Paulista, categoria Poesia, em 2010. Tem poemas publicados em vários sites e revistas de poesia e literatura. Participou da Mostra “Poesia Agora” no Museu da Língua Portuguesa (2015), na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (2017) e na Caixa Cultural de Salvador (2017). Como declamadora, participou do Recital Multitudo Haroldo de Campos, no Itaú Cultural (2011), em São Paulo e do Recital Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros (homenagem a Oswald de Andrade), na FLIP em Paraty (2012), com patrocínio do Itaú Cultural.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro Moldura de Lagartas (Selo Demônio Negro, 2020).




CANTIGA DE ESPERA



A saudade boa ressoa
como uma vontade louca
como uma sede
lambida no rosto
do tempo deposto.
A saudade costura
a palavra ainda crua
como um dardo na mente
a fustigar a espera
lenta
do encontro
nascente.

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Renato Mazzini: O último verão de nossos inimigos (2020)

Renato Mazzini (1981) nasceu, vive e escreve em Santa Fé do Sul, interior de São Paulo. Trabalhou com rádio, escreveu crítica musical e foi professor de inglês. Publicou os livros de poemas “Paisagem com dentes” (Oficina Raquel, 2009), “Aqui começa a Antártida” (Patuá, 2015), “História inconclusa de la velocidad” (Zindo y Gafuri, Buenos Aires, 2016) e “O último verão de nossos inimigos” (Urutau, 2020). Teve poemas publicados em diversos veículos, impressos e virtuais no Brasil, Argentina e México.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro “O último verão de nossos inimigos” (Urutau, 2020)”.



O ÚLTIMO VERÃO DE NOSSOS INIMIGOS


Tenho uma mão boa
e essa mão desempenha bem
com uma faca
sobre troncos de árvore e sobre
meu próprio coração

Tenho um olho bom
e esse olho desempenha bem
com uma luneta
perseguindo obsessivamente
a tolice da terra firme


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