Caroline Prince nasceu na cidade de São Paulo, em 1990. Formada em Direito, escreve por ofício e por fascínio com o mundo que observa.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Aurora (Primata, 2021) disponível neste link.
IPÊ-AMARELO
Dançar é como canto as músicas
que ainda não aprendi. Reparei primeiro
no tapete dourado, não de todo pisoteado. Tropecei,
e foi para cima que olhei.
(É tempo de vôo, não de queda)
E eu vi o céu, ele
cantava em amarelo
Da melodia,
só conheci a cor.
O equilíbrio não tem descanso.
Meu corpo, naquele dia,
adormeceu dançando.
AURORA
A faísca primeira
do início anunciado
Venha ver, meu bem!
A vida iluminou.
Recomeçou:
seca o que restou da escuridão
abra espaço
para a luz brotar
Aurora
é uma criança velha
que acorda cedo
para lhe lembrar:
De novo, meu bem!
A vida chamou
Se for pranto,
varre para longe
Deixa o pó desse sorriso se espalhar
PRIMAVERA
Andei até a pernas pedirem sombra,
procurei até embaixo da cama.
Por todo canto reparando em olhares,
estudando abraços e correntezas de rios
Não encontrei nada que permanece
Tudo que dura se reinventou,
acompanhou a impermanência.
Foi efêmero, mas floresceu depois de cada inverno.
Não sobreviveu: criou vida nova.
CONFIAR
confiar é pular no abismo de olhos fechados e
descobrir que se tem asas. ou não. confiar é testar
a magia dos dias.