Edith Derdyk: A pesar, a pedra (2018)

Edith Derdyk – participa, desde 1981, de exposições coletivas e individuais no Brasil (MAM- SP/RJ; Pinacoteca do Estado de SP, CCBB/RJ; MASP, CCSP, ITO, Paço das Artes/SP; Casa das 11 Janelas/Belém, entre outras) e no exterior (México, EUA, Alemanha, Dinamarca, Colômbia, Espanha, França). Contemplada com Prêmios. Bolsas. Residências: 2017. Título Doctora Honoris Causa_17,Instituto Estudios Criticos_Cidade do México; 2015. Edital PROAC_Incentivo à Literatura_Poesia; 2014. Edital PROAC_Livro de Artista; 2013_Can Serrat_Espanha; 2012_Funarte Artes Visuais; 2007_ The Banff Centre_Canadá; 2004_Fotografia Porto Seguro;2002_Bolsa Vitae de Artes; 2002_APCA; 1999_The Rockefeller Foundation_Bellagio Center, Itália; 1993_MAC-USP/Vermont Studio Center_USA; 1990_ Bolsa Fiat_Artes Visuais. Autora: Entre ser um e ser mil – o objeto livro e suas poéticas(organizadora)_Senac; Disegno. Desenho.Desígnio(antologia)_Senac; Linhas de Horizonte: por uma poética do ato criador_Ed. Intermeios; Linha de Costura_C/Arte; Formas de pensar o desenho_Ed.Zouk e O desenho da figura humana_Ed.Scipione, entre outros. Atualmente coordena o projeto Bagagem: caminhada como prática poética www.bagagem-caminhada.com e a Pós graduação Lato Senso “Caminhada como Método para Arte e Educação”_A Casa Tombada

 

 

Os poemas a seguir foram selecionados do livro A pesar, a pedra (Patuá, 2018).

 

 

 

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flagramos
juntas
pedra e eu
medidas de um tempo injusto
e se o tempo for bomba
rasante
tempo em pedra
lasca fermentada de infinito
falando de pedra
daquela que
daquele lugar me olha
falando de pedra não se escapa
diante de pedaço de pedra
cravado em terra
tal dente enraizado em gengiva
resta esperar
sem desespero
pedra se movimenta
pés de elefante
a passos de tartaruga
pedra gota vulcânica
fragmento que fica

este é um olhar que resta

 

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e céu e céu e céu o seu eco
para onde o topo de pedra aponta
céu toalha de mesa
palco da dramaturgia
rasurada pelo vento
vento assopra ares
água de nuvem
escorre por dentro
nuvem em fresta de pedras
vapores emanam de pedras
pedras agitam os nervos
brumas de manhã
brumas da manhã
às alturas
torpor leve estende
do chão para o alto
espreguiçando vento sem fôlego
céu grande
tela translúcida de sessão contínua
cinema a céu aberto
ar e fogo e vento e lava
e pedra eleva seu peso
à potência de porção de eternidade
poção da eternidade

este é um olhar que assombra

 

 

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pedra armadura para vento
praia
deserto com mar
deserto
praia sem mar
água faz diferença
pedra seca dura
árida ríspida rígida
olhar seco estanca
lágrimas
saudade de umidade
noite
copo que engole luz
sombra deságua
noite esparrama tentáculos
desperta inacabados
portas e janelas de casa
cerrada
serrada

este é um olhar que desarma

 

 

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Primata

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