Hilda Hilst nasceu em Jaú (SP) em 1930 e faleceu em Campinas (SP) em 2004. Uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, publicou vasta e versátil obra nos gêneros da poesia, da ficção, da crônica e da dramaturgia.
Realizaremos um breve panorama de sua trajetória poética, dividido em 5 postagens. Confira a primeira (anos 1950) neste endereço. Desta vez, selecionamos poemas a partir de seus trabalhos publicados na década de 1960: Trovas de muito amor para um amado senhor (1960), Ode fragmentária (1961), Sete cantos do poeta para o anjo (1962), Trajetória poética do ser (1963-1966), Odes maiores ao pai (1963-1966), Iniciação do poeta (1963-1966), Pequenos funerais cantantes ao poeta Carlos Maria Araújo (1967) e Exercícios para uma ideia (1967).
Ode fragmentária (1961)
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Morremos sempre.
O que nos mata
São as coisas nascendo:
Hastes e raízes inventadas
E sem querer e por tudo se estendendo
Rondando a minha
Subindo vossa escada.
Presenças penetrando
Na sacada.
Invasões urdindo
Tramas lentas.
Insetos invisíveis
Nas muradas.
Eis o meu quarto agora:
Cinza e lava.
Eis-me nos quatro cantos
(Morte inglória)
Morrendo pelos olhos da memória.
Aproximam-se.
E libertos de presença da carne
Se entreolham.
O teu nascer constante
Traz castigo.
Os teus ressuscitares
Serão prantos.